domingo, 16 de diciembre de 2007

A Dor do Fim

Sentia que estava caminhando a um novo nivel de desenvolvimento espiritual atraves da participaçao via Milena neste trabalho com as pessoas que tem necessidades especiais, mas descobri que o caminho é bastaaante looooongo! Fui convidada (e aceitei) a acompanhar uma senhora de 89 anos que estava internada en hospital, vitima de pneumonia (soube depois que ela sofria já uma leucemia. Viúva e sem filhos, seus sobrinhos se alternavam para estar com ela o que se tornou impossivel passado alguns dias.
Estando eu a menos de duas semanas para embarcar para o Brasil, tendo tempo livre, temendo o frio mais forte que se anunciava e querendo manterme ocupada (afinal sem a Milena por perto nao há trabalho com ela) prontamente aceitei e fui feliz uma manha fria de uma terça feira, as sete horas da madrugada (lua ninguante no ceu escuuuro e repleto de estrelas, acreditem!) conhecer minha nova atividade. A senhorinha Neus era uma graca, liiiinda, fofa... foi fácil me apegar.
Ao lado dela estava uma freira carmelita chamada Trinidad com cancer de pulmao e já no fim da sua vida; emagrecida, parecia um cadaverzinho, e reclamava, reclamava... que ja nao suportava mais tanto sofrimento, dizia que "Deus era mau", dizia nao entender como uma pessoa boa pode passar por um sofrimento sem fim. A pobrezinha viajava, via coisas, falava com pessoas que nao estavam alí e tambem com as irmas que sempre a acompanhavam, tossia, e se lastimava e as vezes olhava pra mim e parecia me perguntar: "Voce acha que está certo eu passar por tudo isso?" ou ainda: "Voce aí que eu nao conheço, poderia me ajudar?" E eu totalmente impotente olhava pra ela e pensava, com a intençao de que ela pudesse ler meu pensamento: "Tranquila irma, tudo vai logo melhorar!"
Entre a irma Trinidad e a senhora Neus passei tres dias pertinho da morte e pude reconhecer a tremenda fragilidade do ser humano, e tentar buscar respostas para o porque umas pessoas sao abençoadas tendo uma morte súbita, rápida enquanto outras amargam as vezes anos de dor para si mesma e para os que estao envolvidos com ela!?!?!

domingo, 21 de octubre de 2007

Amor incondicional... existe?

A vida da gente é mesmo muito interessante e busca maneiras de fazer com que voce "faça a liçao de casa"...
Quando engravidei pela terceira vez, depois de oito anos, eu, como nas anteriores já sabia o sexo da criança (naquele tempo nao se realizava ultrason com a finalidade específica de informar o sexo do bebe) e eu tive muito claro na minha cabeça (esses insights que algumas vezes a gente percebe) que se realmente o bebe fosse uma menina (eu tinha a intuiçao de que sim seria) esse bebe, a minha filha, alteraria toda a minha vida (ahhh...essas mulheres!) Eu só nao sabia como nem porque. E assim foi.
E ela continua, de forma consciente ou nao, direta ou indiretamente, alterando minha vida e meus conceitos... um trabalho duro, doído, mas que me emociona, pois as vezes eu creio imutaveis alguns velhos pontos de vista e de repente me vejo envolvida em situaçoes que jamais teria encarado se nao fosse por ela, atraves dela ou com ela!
Uma das ultimas alteraçoes se refere ao modo de ver e encarar as pessoas que sao diferentes da gente anatomica e/ou intelectualmente. A primeira vez que minha filha se deparou com um grupo de discapacitados fisicos-psíquicos foi ainda no Brasil. Imediatamente se encantou e decidiu que sua funçao seria trabalhar com eles para sua educaçao e integraçao. Eu mal conseguia "manter o olhar" naquelas fotos que ela trouxe pra casa e me mostrou dizendo: "olha mae... que lindos que eles sao!!!" e tudo o que eu imaginava (pois eu nao conseguia olhar para as fotos que ela havia tirado para ilustrar o trabalho da faculdade e estava me mostrando) era um grupo de uma duzia de deficientes com paralisia cerebral que nao tinham independencia nenhuma e dependiam de auxilio ate para comer, mal balbuciavam meias palavras, babavam e se retorciam. Eu senti tudo, uma mistura de impotencia, medo, pena, nojo...frustraçao total.
E ela, dona dela, começou com esse grupo, e depois com outro de adultos internados num sanatorio, e outro de idosos. E hoje realiza feliz uma atividade que denominam "educadora" numa fundaçao modelo para a Europa. É um trabalho duro, exige amor, dedicaçao, amor, doaçao, amor, idealismo, amor, equilibrio, amor, sobretudo amor e que oerecea quem se sujeita, realizaçao pessoal instantanea!
Questionei com ela essa preferencia mas o amor que vejo em seus olhos e o prazer que lhe dá o contato com esse grupo me fez repensar alguns pré conceitos meus e eu fui me sentindo lentamente e cada vez mais cativada por esse amor... hoje encaro tranquilamente o grupo como até passei a participar de atividades com eles e a suprir a falta de uma colega sua no trabalho. Essa minha nova atividade me fez reavaliar varios conceitos:
* que quantidade de amor uma pessoa pode gerar.
* o que é amor incondicional
* o que é e o que significa o trabalho na vida de cada um.
* que é possível verdadeiramente amar pessoas muito diferentes de voce
* o que significa satisfaçao pessoal
* o prazer de ser útil ao próximo
E me emociono de saber que sim, sou capaz de fazer tambem, de passar por cima das barreiras que eu mesma construí, de me sentir mais proxima de Deus por estar mais perto deles....

sábado, 6 de octubre de 2007

V I A J A R !

Eta verbinho que eu gosto de conjugar!
Eu viajo...
Eu viajei...
Eu viajarei...
Eu tenho viajado...
Quando eu viajar...
Eu estou viajando... ôoo coisa boooa! Me sinto renovada; minha mente se areja; meu corpo se adapta facilmente aos novos fusos, às comidas distintas das habituais; a pele se remoça com as novas temperaturas; a curiosidade fala alto e te move em busca de paisagens nunca vistas mas já imaginadas, do reencontro de pessoas e da atual realidade de cada um...
Que delícia poder dizer algumas coisas que faz já um tempo queria dizer a uma amiga... e ter a certeza que ela entendeu ou pelo menos, achar que sim!

Que delícia conhecer a casa fofa da sua amiga querida! Andar com ela caminhos que ela faz diariamente, sentir a esperança que traz pra ela um filho que está chegando!!! Receber a atençao do maridao dela, preocupado em agradar a visitante amiga da sua amada...
Que delícia conhecer melhor uma amiga que antes nao era nem tao amiga assim, e descobrir vaaaaaarias afinidades e objetivos comuns, além de saber, para conforto próprio que ela tem as mesmas dúvidas, os mesmos ressentimentos, as mesmas inseguranças !!!
Viajar... taí um verbo que eu gosto de conjugar!
Agradeço aos ceus poder viajar bastante e tenho certeza que a cada vez mais, viajarei em boa companhia!

viernes, 5 de octubre de 2007

Be a Ba

A gente vive ano após ano e pensa que já aprendeu tudo sobre a vida...e aprende mesmo "cada liçao", porem a vida sacaneia a gente e te dá novas liçoes a cada momento... e vc estuda, se dedica, acha que já sabe! E de novo como toda nova liçao vc tem que fazer tarefa de casa.... ufa! e haja liçao de casa!!!!! Eu vivo refazendo as liçoes a na "prova" tiro nota baixa: e saio no mínimo triste, frustrada porèm nuuuunca desesperançada! E tô aqui, disposta a aprender todas as novas liçoes que eu possa ter até o final do meu tempo por aqui... mesmo!!!
Tambem é certo que algumas liçoes veem em outro idioma pra te fazer "camelar" pra decodificar: um homem, um amor, um filho, um amigo... afinal cada um é taaaao diferente do outro, e o referencial que vc tem é o seu próprio e da estória de vida que vc escreveu pra vc, né mesmo?
Isso dificulta tudo pois nao existe apenas uma verdade, nem o certo e o errado... entao como fica? Será que "ele" se chateou com vc? Ou será que ele se frustrou nas perspectivas que ele próprio criou pra ele em torno de vc? Será que vc esperava mais dele? Será que ele pensou que ele nao daria conta do recado? Haja dicionário pra traduzir sentimentos, expectativas e necessidades de cada ser humano, né mesmo?

miércoles, 18 de julio de 2007

Ai...que felicidade!

O pior ja passou, pensei! Pois... ainda faltava muuuuito! Uma fisioterapia intensa, diaria e dolorosa, mas realizada com convicçao e humildade durante 80 dias. Tive a felicidade de contar com a ajuda de meus filhos, minha mae e inclusivedo meu ex marido que se mostrou dedicado e sensibilizado com a minha condiçao, e com o apoio dos meus amigos que inclusive me buscavam em cadeira de rodas e andador e me levavam para participar de churrascos!!!! Maraviiiiiiiiiilha!!!

E eu estava muito feliz pois me sentia cada vez melhor! A cada dia eu podia sentir a diferença do dia anterior, com um pouco menos de dor e maior facilidade para realizarcada exercícios a cada manha... Contrario ao sentimento de impotencia e depressao por tantas dores antes de ser operada, agora me sentia com coragem e disposiçao para enfrentar a dificuldade e a dor da fisio. Agradeço muito a alta competencia da equipe medica que me acompanhou, responsavel pelo sucesso do meu empenho!!!

E.....finalmente aos 29 de Abril embarco de novo, e nova, para Barcelona, consciente de TER de dar continuidade aos exercicios da fisio!!!!! E isso tenho feito, com poucas falhas, e continuarei fazendo ate retornar ao Brasil. É um compromisso assumido comigo mesma e que esta sendo acompanhado à distancia pelos fisioterapeutas do Vita.

Que felicidade poder andar por essas ruas sem a tensao da dor, de subir na moto da minha filha, de andar na praia... que bom....e eu já havia esquecido e desacreditado que voltaria a ter prazer nessas pequenas coisas, e taaaaao doídas entao!!! A cada dia ainda sinto que vou melhorando, que cada movimento novo ou cada cadeira desconhecida ou cada local diferente onde me sento já incomoda menos e menos até definitivamente deixar de sentir um pequeno desconforto. Ainda nao devo ficar muuuuuuito tempo sentada porem isso nunca me foi benéfico mesmo....
Ja andei de camelo, já viajei de veleiro, ja empurrei cadeira de rodas, já subi escada do mar pra barco, enfim, já fiz de tudo o que fazia antes de ter essa enfermidade. Me sinto curada! Aiiiiiiiii...que felicidade!!!

sábado, 23 de junio de 2007

Dia D

Chegou o dia!!!! Aaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii....!!!!!!!!!!!
Agora sim eu deveria colocar em prova a preparaçao mental que tinha feito!!!!Pesquisei muuuito, solicitei catálogos por correios de firmas que fabricavam as próteses; conversei com meu medico que me ajudou a entender o processo todo: desde o planejamento da cirurgia que fizemos juntos sobre graficos e RXs, até a troca de ideias sobre a postura moral e emocional que eu deveria adotar para ser uma paciente colaboradora...ele dizia: pense em como voce vai se sentir depois de recuperar sua mobilidade e sem sentir mais as dores! E esse pensamento foi o que me animou, me inspirou e me conduziu a uma boa preparaçao para a cirurgia e teoricamente para a minha colaboraçao na dolorosa fisioterapia que viria em seguida...

No dia marcado, meus filhos me levaram ao hospital e me fizeram rir o tempo todo com as palhaçadas deles dois para entreter a "monihdodoi" (monih é um apelido que minha filha me deu e que significa na linguagem amorosa familiar "mae bonita" e dodoi significa "doentinha")... Uma vez instalada no apartamento do Hospital Alemao Oswaldo Cruz me foi ministrado um dormonid basico, e meus filhos continuaram com as papagaiadas ate eu adormecer, o que nao levou nem 10 minutos... até a chegada do anestesista pra me levar... e aí o adeus às "crianças" que ficaram me esperando.....

Dei entrada no centro cirurgico já encontrando as duas assistentes dos dois medicos e fiquei super feliz de ve-las, pois nao imaginei que estariam ali... isso me deixou tranquila e fez com que eu me sentisse num ambiente familiar e acolhedor, até a chegada do anestesista, que brincando comigo me deu a anestesia geral, que eu nem percebi, e em seguida apaguei!

Me lembro de ter acordado já na UTI sentindo uma desconfortavel dor no tendao de aquiles, e de chamar a enfermeira para que me ajudasse a me livrar daquela dor.... ai permaneci por umas 50 horas ou mais, subindo entao finalmente para o apartamento onde em esperavam meus filhotes...nooossa...que bom ver a carinha deles!!!

Eu estava entao com vaaaarios tubinhos (cateteres): dois drenos, um soro, um cateter de ligaçao e acesso da anestesia peridural para controle da dor (suuuper moderno), outro com a medicaçao, literalmente amarrada numa peça ortopedica para que eu permanecesse imovel ... e no corte cirurgico havia uma grande bandagem feita de uma pelicula organica muito parecida com uma pele artificial...aaaaaaaahhhhh, a medicina!!! que evoluçao!!!! Incrível !!!! Uma cirurgia desse porte com um talho de apenas 10 cm (num culote respeitavel!) para implante de articulaçao artificial!!!! e o corte?? fechado com "pele" !!!!! barbaro!! fabuloso....!

Essa foto foi tirada já no flat onde me hospedei para recuperaçao, uns 12 dias depois de operada...

domingo, 17 de junio de 2007

o caminho....nao queeeeeero...!!!


Teria sido muito mais facil! Mas... quem disse que a vida facilita? De preferencia, dá uma sacaneada, nao é? Pois sim... acabei por perder o voo de volta pro Brasil, pois claro estava que eu n a o queria voltar... (a gente pre-cebe o tamanho da encrenca que vai encarar...) Consegui embarcar dois dias depois, numa viagem sacal, de 20 horas dentro do aviao, alemde outras andando nos enooooormes aeroportos de Londres e Miami (com a dor que nao me largava),e carregando ainda o notebook! Nossa....que dor! pensei que nao aguentariachegar ao SP! Quando meu filho me pegou em Guarulhos (estava aquela confusao, em plena crise dos controladores de trafego ) e viu minha expressao sofrida no rosto disse carinhosamente: "você está bem?" e claro que eu ja comecei a chorar...as vistas da minha situaçao. Ele me hospedou (conheci entao minha netinha que havia nascido depois de eu ter viajado, e que esteve em delicada condiçao de saude por alguns meses) e dia seguinte, ao medico!Depois de varios exames a noticia de que o cisto era consequencia e nao causa das dores...
A partir daí abandonei o tratamento que tinha feito durante todo o ano e passei a procurar outros medicos... mas... nao conseguia administrar o fato de t e r de fazer uma cirurgia desse porte nessa idade (eu sou ainda jovem para esse tipo de soluçao, porem... nao havia escolha)...E entrei em depressao... parei de comer... só chorava... e nao pensava realmente em aceitar!
Minha mae nao entendia o fato de eu ter tanta resistencia à cirurgia, se ela mesma havia sido operada do mesmo problema - aos 68 anos! - Sabe, penso que aos 68 eu aceitaria melhor, mas aos 52? E a cicatriz? Naaaaoooooo... defintivamente, naaaaooo!
Minha irma que vive no Rio de Janeiro, quando me viu, por ocasiao das festas de Natal, nao gostou nada e procurou seu sobrinho ortopedista que prontamente me convidou a passar pelo especialista da sua clinica, e foi o que eu fiz a 28 de Dezembro! Adorei ele (Dr. Alexandre Bittar) e a clinica(Instituto Vitae) e tambem o especialista (Dr.Henrique Cabritta) que me confortou, me explicou T U D I N H O, me propos uma alternativa e, pelo simples fato de fazer uma tentativa à operaçao me senti aliviada... claro que a tentativa foi frustrada porem eu tentei, e c o m o tentei! Isso já era meados de Janeiro e, com a cabeça a mil, decidi que nao queria mais me sentir taaaaao mal, com tantas dores; que eu queria minha qualidade de vida de volta; queria dormir minhas noites, queria voltar pra Espanha, nao queria mais ter vergonha de andar ao lado de alguem que perguntava sempre se eu havia machucado o pé, que nao queria mais mancar como havia estado mancando já ha um ano; que eu queria voltar a dançar; queria voltar a provar roupas, andar a pé, nadar, mergulhar...enfim o que as pessoas normais fazem...Aaaahhhhhhhhhhhhh.....queria fazer o caminho de Santiago de Compostelaaaaaa!!!!!
Bem! meus filhos me animaram a me operar: "voce vai voltar assim pra Espanha? Arruma isso de vez Monih!"diziam... e eu, buscando informaçoes desde google ate medicos e os pacientes operados por eles, decidi submeter-me, escolher um profissional e me entregar nas maos dele, tratando de preparar minha cabeça para aceitar e ser uma paciente colaboradora pois todos sairiamos ganhando, eu principalmente! E me preparei sim, mesmo, de verdade, de coraçao, de fé, com coragem e humildade, e afinal a Mila veio da Espanha para ficar comigo e no dia 01 de fevereiro de 2007 entrei na faca!!! uuuuuiiiiiiiiiii......

jueves, 7 de junio de 2007

Que friiiiio..!!!

Quanta emoçao!

Depois de acomodada em casa, minha filha me apresentou a fundaçao Pere Mitjans onde conheci as pessoas que trabalham com ela. Fui recepcionada por um coro de vozes me chamando "Moniiiih" (é como ela me chama), bandeirolas espalhadas na sala com os dizeres "te quiero Monih","La hechamos de menos", "Bienvengut"... nao preciso dizer... mais um dia inteiro chorando de emoçao!

Devidamente acomodada eu e meus sentimentos, sobrava a dor! Que dor! Ainda mais no friozao que estava fazendo aquele Fevereiro (claro, para uma tropicana o frio estava de arrasar!). Minha filha talvez até por me ver sofrendo, logo eu que nunca sentia nada, tinha o maior pique, aquelas coisas...logo eu, prostrada e derrotada por uma enfermidade que eu sabia que se iniciava porem pensava que estando em tratamento, regridiria ou pelo menos estabilizaria...
Doce ilusao!

Parece que só piorava, eu já deprimida e acusando o frio europeu, me mandei pra Florida! Era uma forma de olhar de longe a minha nova situaçao morando de novo com minha filha, avaliar o que eu realmente sentia pelo Jim e medir o quanto as temperaturas mais baixas influenciavam na minha dor.

Passei lá 23 dias e realizei que sim queria viver com minha filhota, que sim o sentimento por ele era forte e verdadeiro, e que realmente o frio piorava minha dor... e agora que fazer? Acordamos entre outras coisas (Jim e eu) que eu voltaria pra viver com ele no final daquele ano, pois entao já teria passado um 8 ou 9 meses com minha filha, dado a ela um certo apoio emocional (ela estava recem separada do marido e sofrendo muuuuito!), encontraríamos um trabalho pra eu fazer em SouthHampton no verao e iríamos nos falando via email e telefone.
Na despedida ele, sempre muito carinhoso me disse, entre outras coisas, que iria sentir muito a minha falta... pois depois disso poucas vezes nos falamos... ele nao acredita na possibilidade das pessoas irem e virem, na manutençao do sentimento à distancia, no amor em geral, alem de dizer que nunca foi amado; imagino que ele nunca permitiu e tampouco sequer alimentou um amor...!

Apesar de eu insistir tremendamente, a comunicaçao com ele foi esfriando... e eu decidida a tocar minha vida neste ano conforme eu havia planejado, afinal o movimento sofrido que fiz teria um ciclo e eu queria vive-lo.


Dia vai, dia vem, a fila andou e conheci um cara bacana que me proporciona momentos agradabilissimos e assim fui esquecendo o Jim... ai...

Nesse tempo minha qualidade de vida estava péssima: andar até a esquina era longe demais pra mim! Passear pela cidade? nem pensar! Sair de compras e provar roupas? morria de dor! Ir pra praia? só se fosse levada na moto! Andar na praia? impossivel! Dançar? só em sonhos! Nem dormir mais eu conseguia de tanta doooooor!!!

Entao foi aí que descobri um cisto na virilha e pensei: é ele! ele é a causa das minhas dores constantes; volto ao Brasil, minha medica me opera e eu vou ser feliz novamente!!!

Sei...Entao tá....



miércoles, 6 de junio de 2007

Eu vou.....!

Uma decisao radical, difícil de ser tomada pois envolvia outras pessoas; um segundo divorcio!

Um divorcio do meu lar, das minhas coisas, do meu espaço, do meu bairro, da minha cidade... uma separaçao de mim mesma! Por mais que a gente queira se separar de uma pessoa ou de algo que a gente por um período um dia amou, como doi!!! Uma dor de perda, de morte, de arrancar um pedaço de voce... o medo do novo, a coragem pra recomeçar, a infinita tristeza que te dá nauseas, a dúvida em estar sendo profundamente egoista, a certeza de merecer viver em paz o que resta da sua vida, a esperança de se sentir melhor e aliviada, o desespero por nao saber como tudo isso vai acabar... uma mistura de emoçoes que marcam seu rosto e traduzem suas açoes...

E... como meu Deus é possível colocar uma vida de 50 anos em duas malas de 30 kgs? Missao impossível....

Afinal, depois de dar PT (perda total) tres dias antes de embarcar, tendo entrado em crise de artrose por todo o movimento que eu estava fazendo física e espiritualmente; de deixar meu filho louquinho pelo meu desespero evidente, sempre contando com o otimismo dele a me mostrar o quanto corajosa eu estava sendo consegui embarcar. Ainda em choque, tomei uma dose de vinho e adormeci profundamente, esgotada. Quando o piloto avisou que nos preparavamos para aterrizar em BCN, uma crise de choro se instalou e só foi passar depois do quarto dia na cidade.

Minha filha nao entendia por que eu chorava tanto por tudo!!!

Pudeeeeera! chego emocionada no aeroporto depois de oito meses sem ver minha filhota e em choque por toda a mudança que fiz que quando deixo a mala do computador no chao para abraça-la, levam o dito cujo alem, claro, da maquina fotogafica que estava junto... Roubaram minha comunicaçao com o mundo! Socooooorro!!!!

Minha filhota me leva pra casa, o ape que vamos compartir (depois de deixar o meu apartamento de 140 m2 nos Jardins em Sao Paulo, onde eu vivia só
e toda esparramada, com faxineira duas vezes por semana, meu cachorro, meu carrao na garagem...). Eu já conhecia o apto e sabia que o meu quarto seria o menorzinho do ape, mas quando vi o tal quartinho tooooodo arrumadinho, decorado especialmente pra mim, em cores laranja e vermelho, super aconchegante, com tuuuudo o que eu precisava! Liiiiindo!!! olha só: agenda 2006, luz para leitura noturna, luzinhas vermelhas em volta da porta, travesseiro macio, armario e gavetas pra eu guardar minhas coisas, mapa do Metro e guia da cidade, fotos nossas espalhadas na estante, quadro na parede e ate...um celular novinho e já funcionado!!! Acredita??? Bom... continuei chorando a tarde e a noite toda sem parar, de tanta emoçao!!!

martes, 5 de junio de 2007

Domde mim...

Eu ja deveria ter feito isso antes, mas de verdade na vida da gente acontece taaaantas coisas que algumas a gente vai deixando, deixando e quando vê ja se passaram um tempao e... bom... Nada de lamurias, e ao trabalho!

Domde mim...por que?

Primeiramente para me situar "donde" ou aonde ou de onde ou sobre o que vou discorrer; segundo pra falar de um "dom" , e "de mim..."

Há alguns anos tive a oportunidade de fazer uma linda viagem, por indicaçao de amigos que me conheciam bem, à California, e lá passei quatro meses estudando ingles e mergulhando na vida americana, morando em uma casa vitoriana liiinda, com um casal típico e passava todas as horas do dia e algumas das da noite com um grupo de oito estrangeiros de diferentes países que faziam as mesmas coisas que eu, porem eram bastante mais jovens... estudavamos, lanchavamos, iamos à bibliotecas, discotecas, concertos, fazer compras, viajar os finais de semana pelos arredores em bici ou automovel, todos ansiosos por aprender, descobrir e todos distantes da sua casa e dos seus, carentes até! Foi uma experiencia ótima, aprendi com eles (até hoje estou em contato com alguns)... foi tao bom que defini pra mim mesma que um dia iria viver num outro país para continuar as descobertas que tinha ali começado!

E assim foi... no final do ano de 2001 fui tabalhar nos EEUU numa filial da empresa de Sao Paulo e eu a d o r e i ! Passei por situaçoes bastante interessantes, reencontrei pessoas queridas, conheci outras, e tive o prazer de cruzar meu caminho com o de uma pessoa muito querida, a qual vim a amar...

De novo... um estrangeiro !!! Ui...que sufoco! Minha mae me ensinou, anos antes, a rezar e pedir a Deus uma pessoa cosmicamente harmoniosa comigo... pois... de novo eu me esqueci de acrescentar no pedido o endereço!!!!!!

A distancia, a falta de intimidade psíquica, a diversidade de culturas e os costumes... tao diferentes! Como é difícil ceder, entregar- se inteiramente... realmente um desafio! Por esses costumes taaao diferentes, por racionalismo extremado e muita dificuldade operacional, de novo, esses amores nao atravessaram os oceanos definitivamente, cada um optando por ficar no seu entorno já conhecido!

Bom? Ruim? Melhor assim? Covardia? Amor nao verdadeiro? Conformismo? Sei lá, nao sei... pois assim foi... e... logo depois resolvi virar a mesa totalmente e ir viver na Europa, desta vez com minha filhota querida, minha menina caçula, minha raspa de tacho, minha menininha deixando no Brasil com lagrimas de sangue meus dois filhotes, meus netinhos, minha mae, minhas irmas queridas, sobrinhos, amigos íntimos e nao tao íntimos mas todos muuuuito queridos!

Afinal, depois de oito ou nove anos eu estava realizando outro dos meus desejos: morar e viver fora do Brasil, na Espanha ( nunca diga nao! ) donde escrevo pra contar
...